- A Reserva Nacional de Criptomoedas do Cazaquistão será financiada por criptomoedas apreendidas e operações de mineração apoiadas pelo estado.
- A reserva visa trazer transparência e controle institucional aos ativos digitais no país.
- O Cazaquistão está se posicionando como um centro regulamentado de criptomoedas em meio à crescente competição regional.
O Cazaquistão está dando um passo importante em sua estratégia de criptomoedas. O banco central confirmou planos para estabelecer a Reserva Nacional de Criptomoedas do Cazaquistão, tornando-a a primeira reserva soberana de ativos digitais da Ásia Central.
Embora as reservas nacionais de criptomoedas não sejam um conceito novo em nível global, a abordagem do Cazaquistão se destaca. Financiadas por meio de moedas confiscadas criminal ativos e mineração apoiada pelo governo, a iniciativa visa garantir a supervisão institucional e a transparência de longo prazo na gestão de ativos digitais.
Banco Central assume a liderança
De acordo com o Banco Nacional do Cazaquistão, a reserva será gerida pelo Estado e provavelmente operada por meio de uma subsidiária especializada. O presidente Timur Suleimenov observou que o objetivo principal é garantir a solidez institucional e mitigar os riscos inerentes aos mercados de criptomoedas. A iniciativa seguirá as melhores práticas internacionais, com forte foco em transparência, armazenamento sustentável e contabilidade adequada.
Em uma resposta formal a um inquérito parlamentar em 22 de maio, o banco central também enfatizou que colocar a reserva sob uma instituição centralizada permite uma supervisão eficaz, alinhando-se com objetivos mais amplos de estabilidade financeira.
Financiamento da Reserva: Ativos e Mineração
O modelo de financiamento para a reserva de criptomoedas do Cazaquistão envolve duas fontes principais: ativos digitais confiscados de investigações criminais e recursos provenientes de atividades de mineração vinculadas ao governo.
Essas operações de mineração se enquadram no sistema regulatório reformulado do país, que inclui o "projeto 70/30". Nesse modelo, investidores estrangeiros modernizam usinas termelétricas, alocando 70% da energia à rede elétrica nacional e os 30% restantes à mineração. Essa estrutura não apenas reduz a pressão sobre a infraestrutura energética, como também garante a participação do Estado na geração de ativos digitais.
O processo de construção da reserva envolverá a colaboração entre instituições financeiras, autoridades policiais e outros órgãos estatais relevantes. No entanto, a mecânica completa, como quais ativos serão incluídos e como serão armazenados, ainda está em desenvolvimento.
Do centro de mineração à economia regulamentada
A relação do Cazaquistão com as criptomoedas evoluiu rapidamente nos últimos anos. Depois de se tornar um destino de destaque para Bitcoin mineradores em 2021, após a repressão da China, o país aprendeu rapidamente as desvantagens da expansão descontrolada, das redes de energia sobrecarregadas e da supervisão deficiente.
Em 2023, novas regulamentações reduziram drasticamente a participação do Cazaquistão na mineração global para apenas 4%. Hoje, 415,000 máquinas estão registradas, 84 licenças foram emitidas (com 64 ativas) e cinco pools de mineração receberam credenciamento. A fiscalização também foi intensificada, com 36 plataformas ilegais fechadas e mais de 3,500 sites sem licença bloqueados somente em 2024.
Ampliação do impulso criptográfico no Cazaquistão
A reserva de criptomoedas faz parte de uma visão mais ampla. Em maio de 2025, o presidente Kassym-Jomart Tokayev revelou os planos para a CryptoCity, uma zona piloto para o uso de criptomoedas em transações diárias. No início deste ano, o Cazaquistão também lançou a Solana Economic Zone Kazakhstan, o primeiro centro econômico Web3 da região, em colaboração com a Fundação Solana.
Apesar desses esforços, os desafios persistem. Especialistas estimam que mais de 90% da atividade com criptomoedas no país em 2023 ocorreu fora da supervisão regulatória, totalizando mais de US$ 4 bilhões em transações não monitoradas.
Para resolver isso, o Cazaquistão está buscando emendas legislativas para definir o status legal dos ativos financeiros digitais e regular a circulação de criptomoedas não garantidas por meio de um regime de licenciamento.
Competindo na Ásia Central
A abordagem ponderada e institucional do Cazaquistão é notavelmente diferente da rápida adoção de criptomoedas no varejo pelo vizinho Uzbequistão. O Uzbequistão ocupa atualmente a 33ª posição no índice global de adoção de criptomoedas, enquanto o Cazaquistão ocupa a 57ª posição.
Ainda assim, o Cazaquistão parece focado em construir uma estrutura sustentável. Com planos para uma moeda digital do banco central, o tenge digital, com lançamento previsto para este ano, as ambições digitais do governo vão muito além da mineração ou das reservas.
Olhando para o futuro
A reserva nacional de criptomoedas do Cazaquistão sinaliza uma mudança estratégica, de uma mineração menos regulamentada para um ecossistema de ativos digitais mais estruturado e gerido pelo Estado. Embora os detalhes ainda estejam sendo finalizados, o plano reflete o crescente interesse global em reservas soberanas de criptomoedas e destaca a intenção do Cazaquistão de desempenhar um papel de liderança na economia digital da região.
A reserva nacional de criptomoedas pode não resolver todos os desafios imediatamente, mas marca um passo significativo em direção à responsabilidade institucional e à política de ativos digitais de longo prazo.